Relexões
Resta-me saber o que tenho de começar.
Sempre pensei, estudar, tirar um curso, emprego estável, casa, carro... Depois viria uma família, festas de aniversário, natais...
Por vezes penso que esse ainda é o plano.
Claro que quando era mais nova era mais simples. Agora coloco a máscara todos os dias, sorrio e sou social. Abraço pessoas que nem sei o nome, apoio pessoas que não significam nada para mim. Sempre pensei que não conseguiria viver sem as pessoas que mais importavam, e no entanto estou a fazê-lo.
Agora, eu, a pessoa que tinha todas as respostas, já não sei qual é o passo seguinte.
Vamos colocar as coisas deste modo, eu gosto de ter o controlo, sempre fui correcta com as pessoas e o controlo era uma espécie de recompensa. Agora não controlo tudo, aliás, nada controlo.
E o resto, é a outra parte de mim que controla. Não que eu não goste, apenas não sei se é o correcto, mas quando penso nisto, para quem é que eu estou a ser correcta?
Porque não simular apenas as atitudes vulgares dos mortais?
As pessoas não se preocupariam com as minhas mentiras se eu dissesse que são importantes para mim não sabendo que não era verdade.
E assim todos ficariam felizes. Quer dizer, eu não acredito na felicidade, acredito na sua incessante procura. Eu não a procuro, não a reconheceria se ela estivesse mesmo à minha frente.
O meu objectivo é a estabilidade apenas.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Outro excerto do livro
"Ficámos calados por uns instantes. Eva estava no cimo da rua à nossa espera. As ruas ainda não estavam cheias, ainda era cedo.
Queria aproveitar mais um pouco aquela calma, mas Eva estava sempre pronta para começar a festa.
Enquanto subíamos a rua, uma rapariga descia sozinha. Ao longe parecia comum, vulgar, mas à medida que se aproximava a sua figura mais nítida e os seus traços mais nítidos.
Era simplesmente linda. Cabelo escuro até aos ombros, saia preta até aos joelhos e uma camisa branca, fazendo contraste. Sem me aperceber estava a olhar fixamente para ela. Fiquei completamente deslumbrada. Quando passou por mim, virei-me para trás, simplesmente não conseguia parar de olhar. Ela virou-se também e sorriu. Fiquei paralisada. Ela tinha já descido a rua e estava agora fora do alcance do meu olhar, mas eu continuei... ali... talvez na esperança ingénua que ela voltasse."
"Ficámos calados por uns instantes. Eva estava no cimo da rua à nossa espera. As ruas ainda não estavam cheias, ainda era cedo.
Queria aproveitar mais um pouco aquela calma, mas Eva estava sempre pronta para começar a festa.
Enquanto subíamos a rua, uma rapariga descia sozinha. Ao longe parecia comum, vulgar, mas à medida que se aproximava a sua figura mais nítida e os seus traços mais nítidos.
Era simplesmente linda. Cabelo escuro até aos ombros, saia preta até aos joelhos e uma camisa branca, fazendo contraste. Sem me aperceber estava a olhar fixamente para ela. Fiquei completamente deslumbrada. Quando passou por mim, virei-me para trás, simplesmente não conseguia parar de olhar. Ela virou-se também e sorriu. Fiquei paralisada. Ela tinha já descido a rua e estava agora fora do alcance do meu olhar, mas eu continuei... ali... talvez na esperança ingénua que ela voltasse."
"Durante aqueles segundos vi mais do seu verdadeiro eu, do que nos últimos anos"
(texto que deu origem ao livro)
"-Perdoe-me padre, pois eu pequei.
-E qual foi o teu pecado minha filha?
-Não sei... E agora que penso melhor, não sei se realmente pequei...
-Não estou a perceber. E se me contares o que aconteceu? Talvez eu te ajude a encontrar paz.
-Não se iluda senhor padre.
-Vá, conta-me minha filha.
-Tem tempo para uma história?
-Sim.
-Não sei muito bem por onde começar.
-Começa pelo início...
-Nem sei se teve um início... pois tudo o que começa, tem obrigatoriamente que acabar, tal como tudo o que nasce, morre. E sinceramente, não vejo isto a acabar, não vejo o fim desta tortura, nem a morte do que me atormenta.
-Não te posso ajudar se não me explicares...
-Bem, digamos que tudo começou na vulgaridade. Eu estava com amigos, ía sair, não sei muito bem porquê, por vezes limito-me a seguir a corrente.
-Continua...
-Sei que estava no Chiado, no Largo de Camões. Estava junto à estátua, fumando um cigarro, sempre na esperança ingénua de acalmar a ansiedade.
-Que ansiedade?
-A minha. Uma das poucas constantes na minha vida. Penso que o meu estado normal é uma interminável crise existencial. Mas continuando, eu estava sozinha, à espera. Entretanto chegaram os meus amigos, não me lembro bem quem eram respetivamente. Mas boas pessoas certamente.
-Isso é o mais importante! Rodearmo-nos de pessoas de bem.
-Invejo a sua ingenuidade senhor padre. O seu deus abençoou-o com essa dádiva. Bem, mas eu vou prosseguir. Os meus amigos chegaram e subimos uma das ruas que levava ao Bairro Alto, aquele sítio emblemático da capital, para os apaixonados, para olhares trocados e vidas cruzadas. Subimos e foi quando a vi.
-Quem?
-A que me levou a pecar. Era uma rapariga, ao longe simples e vulgar, mas à medida que se aproximava, era cada vez mais um maior deslumbre. Lembro-me que reparei nela e ela em mim, tentei não dar importância, pois na realidade nem sabia quem ela era. à medida que a noite ía passando, tentava abstrair-me, por vezes conseguia, mas por vezes, nem que fosse por uns segundos, recriava a imagem dela.
Estava à porta de um bar qualquer e quis ir dar uma volta. Dois amigos acompanharam-me e parámos num bar onde eles diziam ter bebidas baratas. Sentei-me no chão e esfreguei os olhos. Assim que olhei para cima, lá estava ela, agora acompanhada. Todos os seus movimentos eram confiantes, impunham-se aos dos outros. Mas o seu olhar revelava o oposto. Mostravam insegurança e movimentos ensaiados.
- Não estou a perceber o porquê da tua tortura espiritual. Ora portanto, conheces-te alguém por quem te interessaste.
-Tomara eu que fosse apenas isso, mas não. Muitas coisas aconteceram, revelando-se ela como algo a evitar.
-Mas tu não erraste.
-De acordo com o meu livro sagrado sim. Os meus dogmas são diferentes dos seus. Sei o que tenho a evitar e sei como fazê-lo.
-Então porque não o fizeste?
-Porque revivo aquele momento. O momento em que a vi pela primeira vez. E que durante aqueles segundos, vi mais do seu verdadeiro eu do que nos últimos anos."
(texto que deu origem ao livro)
"-Perdoe-me padre, pois eu pequei.
-E qual foi o teu pecado minha filha?
-Não sei... E agora que penso melhor, não sei se realmente pequei...
-Não estou a perceber. E se me contares o que aconteceu? Talvez eu te ajude a encontrar paz.
-Não se iluda senhor padre.
-Vá, conta-me minha filha.
-Tem tempo para uma história?
-Sim.
-Não sei muito bem por onde começar.
-Começa pelo início...
-Nem sei se teve um início... pois tudo o que começa, tem obrigatoriamente que acabar, tal como tudo o que nasce, morre. E sinceramente, não vejo isto a acabar, não vejo o fim desta tortura, nem a morte do que me atormenta.
-Não te posso ajudar se não me explicares...
-Bem, digamos que tudo começou na vulgaridade. Eu estava com amigos, ía sair, não sei muito bem porquê, por vezes limito-me a seguir a corrente.
-Continua...
-Sei que estava no Chiado, no Largo de Camões. Estava junto à estátua, fumando um cigarro, sempre na esperança ingénua de acalmar a ansiedade.
-Que ansiedade?
-A minha. Uma das poucas constantes na minha vida. Penso que o meu estado normal é uma interminável crise existencial. Mas continuando, eu estava sozinha, à espera. Entretanto chegaram os meus amigos, não me lembro bem quem eram respetivamente. Mas boas pessoas certamente.
-Isso é o mais importante! Rodearmo-nos de pessoas de bem.
-Invejo a sua ingenuidade senhor padre. O seu deus abençoou-o com essa dádiva. Bem, mas eu vou prosseguir. Os meus amigos chegaram e subimos uma das ruas que levava ao Bairro Alto, aquele sítio emblemático da capital, para os apaixonados, para olhares trocados e vidas cruzadas. Subimos e foi quando a vi.
-Quem?
-A que me levou a pecar. Era uma rapariga, ao longe simples e vulgar, mas à medida que se aproximava, era cada vez mais um maior deslumbre. Lembro-me que reparei nela e ela em mim, tentei não dar importância, pois na realidade nem sabia quem ela era. à medida que a noite ía passando, tentava abstrair-me, por vezes conseguia, mas por vezes, nem que fosse por uns segundos, recriava a imagem dela.
Estava à porta de um bar qualquer e quis ir dar uma volta. Dois amigos acompanharam-me e parámos num bar onde eles diziam ter bebidas baratas. Sentei-me no chão e esfreguei os olhos. Assim que olhei para cima, lá estava ela, agora acompanhada. Todos os seus movimentos eram confiantes, impunham-se aos dos outros. Mas o seu olhar revelava o oposto. Mostravam insegurança e movimentos ensaiados.
- Não estou a perceber o porquê da tua tortura espiritual. Ora portanto, conheces-te alguém por quem te interessaste.
-Tomara eu que fosse apenas isso, mas não. Muitas coisas aconteceram, revelando-se ela como algo a evitar.
-Mas tu não erraste.
-De acordo com o meu livro sagrado sim. Os meus dogmas são diferentes dos seus. Sei o que tenho a evitar e sei como fazê-lo.
-Então porque não o fizeste?
-Porque revivo aquele momento. O momento em que a vi pela primeira vez. E que durante aqueles segundos, vi mais do seu verdadeiro eu do que nos últimos anos."
Poema - "Palavras tuas"
Seduziste-me com palavras, com toda a sua subtileza e frieza,
Viciaste-me na tua pessoa, todo o meu racciocínio deixou de ter clareza.
Receei que te fartasses, que as minhas palavras te aborrecessem,
Fizeste-me sentir insegura e eu não me importei
Agradeci apenas o teu efeito em mim,
Tudo o que disse, fiz,
Questionei.
Continua a fazer me tremer, continua a fazer-me fantasiar
Sinto-me mais humana junto a ti
Fazes-me falar, divagar...
Apesar dessa tua armadura, pedes-me que te proteja do frio
E enquanto te agarrava para junto do meu peito, nada precisou ser dito,
nada precisou fazer sentido,
Nada precisou ser feito.
Seduziste-me com palavras, com toda a sua subtileza e frieza,
Viciaste-me na tua pessoa, todo o meu racciocínio deixou de ter clareza.
Receei que te fartasses, que as minhas palavras te aborrecessem,
Fizeste-me sentir insegura e eu não me importei
Agradeci apenas o teu efeito em mim,
Tudo o que disse, fiz,
Questionei.
Continua a fazer me tremer, continua a fazer-me fantasiar
Sinto-me mais humana junto a ti
Fazes-me falar, divagar...
Apesar dessa tua armadura, pedes-me que te proteja do frio
E enquanto te agarrava para junto do meu peito, nada precisou ser dito,
nada precisou fazer sentido,
Nada precisou ser feito.
Excerto inicial do livro em que estou a trabalhar, ainda sem título
"Tanta
história há nas ruas de Lisboa. Destinos que se cruzaram, memórias que se
criaram, olhares trocados, vidas construídas e vidas destruídas, amigos e
inimigos, vida e morte, amor e ódio.
Muitas
foram as minhas tardes passadas nestas ruas. Manhãs preguiçosas e noites
electrizantes passei. Foi numa dessas noites que teve início um novo capítulo
na minha vida. Mal sabia eu que uma casual saída com amigos seria a entrada
nesta nova era da minha existência.
Largo
de Camões. Sítio emblemático da capital, ponto de encontro para velhos amigos,
para colegas que querem descontrair após um longo dia de trabalho, para
apaixonados ou para aqueles que procuram o amor, ou simplesmente para aqueles
que pretendem aventurar-se nas ruas do
Bairro Alto. A fantasia e o espanto, o entusiasmo que intoxica todos os que
mergulham na vida nocturna de Lisboa."
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